Seiva – metamorfose feminina.
Brotar, desenvolver-se, florescer, dar frutos e secar... Da semente à folha, a vida é um caminho universal que corre nas veias de cada ser vivente. Como a borboleta, homens e mulheres evoluem e metamorfoseiam-se durante suas vidas. A passagem do tempo não se esquece de ninguém, nem das flores tampouco dos humanos.
É nesta fonte universal que a artista Renata Andrade mergulhou para produzir esta exposição, tirando da sua vivência os elementos para suas obras. O espelho no qual ela se observa mostra-a envelhecendo, resistindo ao imparável, sonhando com um paraíso utópico.
Ao outro lado deste caminho da vida, o mentor da artista, o ator e diretor Walter Portella, representa o duplo antitético da jovem. Encarnação do masculino, do envelhecimento, ele se torna o homem árvore com a pele de casca.
Entre estes dois pontos extremos, Renata Andrade desenvolve sua poética em uma vida presa entre nossas raízes e a procura da luz. Do mesmo modo que a árvore guarda sempre as marcas do coração gravado na casca, nós somos construídos por ciclos, encontros, discussões e passos de nossas vidas.
No coração da exposição, a instalação e performance “Metamorfose” , composta de galhos de uma pitangueira que a própria artista plantou aos cinco anos de idade, faz uma síntese das ideias de Renata: “a imutabilidade do passado cria a inevitabilidade do futuro”.
Romain Le Jeune