Performances

Costurado com linha vermelha

É um gesto ancestral, o delicado movimento da agulha que circula, enrola, enfia. A concentração da costureira no trabalho da confecção. Instalada na vitrine de uma rua movimentada, na interface dos espaços públicos e privados, a performance denuncia a violência contra a mulher tecendo na própria pele os discursos degradantes pelos quais as mulheres vivem no dia a dia. Seja nas ruas ou na privacidade de suas próprias casas, as mulheres, desde cedo, são alvo de comentários sexistas que marcam suas peles.
Manequim de carne e osso atuando na vitrine desta antiga loja de lingerie fina, destacando também a ligação entre a objetivação do corpo feminino, comumente utilizado como ferramenta promocional, e seus desdobramentos em termos de violência social. Utilizando a costura, essa atividade que é intimamente ligada ao gênero feminino, a performance ganha um ato de contestação ao se apropriar dos palavrões ligados a sexualidade das mulheres para ser bordado em sua própria pele.

Mulher canibal

Influenciada pela pesquisa de doutorado sobre o mito canibal na arte, a artista revisitou o passado colonial e olhou para os imaginários exóticos integrados pela sociedade contemporânea. O mito canibal é associado ao primitivo, ao exótico e ao erótico, e a acusação de canibalismo muito contribuiu para justificar a colonização. Ao associar os estereótipos atuais do Brasil aos zoológicos humanos do século XIX, Renata Andrade demonstra a persistência da dominação colonial. Neste trabalho, a artista brasileira des-exotiza seu próprio corpo, muitas vezes associado à praia, ao samba e à favela, e mostra uma ruptura entre a realidade e o imaginário europeu. A artista veste um painel de madeira pintado, mostrando ironicamente que esta imagem pejorativa é apenas uma fachada. A artista consegue inverter a situação da exotização de seu corpo para os corpos dos espectadores da performance. O fato de escolher um homem com o olhar e comer bananas olhando-o nos olhos, coloca o espectador no lugar de homem objetificado.

Declaração de amor

Em que ponto um motivo de orgulho nacional se torna um objeto de isolamento? O vídeo performance «declaração de amor» questiona a integração em uma dialética simples: você pode viver em um país e não amar um dos elementos que constituem a sua identidade? Este trabalho ecoa o trabalho de Levy-Strauss e de Bettini que questiona a construção da identidade em sua forma xenófoba: como ser «eu» sem rejeitar «o outro»? Em Triste Trópicos, Lévi-Strauss coloca no mesmo plano a antropofagia dos índios do Brasil, que se alimentam do outro para se apropriar de suas qualidades, com a antropoemia das sociedades Ocidentais, que, literalmente, vomitam o outro. Este trabalho evidencia, portanto, a linha tênue entre a abertura para o outro e a construção de si.

Love Bites

O amor pode ser tomado, roubado, trocado ou vendido? Convidada pelo museu Louvre-Lens para responder à exposição «Amour» de 27 de agosto de 2018 a 21 de janeiro de 2019, Renata ficou marcada pela escolha de algumas obras. Seja Cassandra implorando a vingança de Minerva contra Ajax, Júpiter e Ganimedes ou mesmo a Odalisca, o corpo, e em particular o da mulher, apareceu em filigrana como um «pedaço de amor», um bem que se poderia ser apropriado e consumido.
Foi então esse processo para a produção deste trabalho, questionar essa mercantilização do corpo feminino. A performance «Love Bites» que coloca à venda pedaços de amor na forma de pequenas vaginas esculpidas em bombons. O preço ? Um pedaço do outro. Um pedaço da artista em troca de um pedaço do público. Corpo contra corpo.
Essa referência direta à prostituição estimula o espectador a se engajar nessa mercantilização do corpo, a se perceber como um objeto, que pode ser tracado, cortado, fragmentado.Trata-se de forçar o espectador a enfrentar esse tabu em nossas sociedades, essa realidade oculta e ignorada na França. Mas também para ir além dos limites do bom pensamento e da opinião simplista. Porque, sem perceber, o participante dessa performance caminha para o outro lado do espelho. De consumidor, ele se torna vendedor

A Interface

Nesta performance colaborativa, a artista Renata Andrade, que trabalha esculturas em argila, propõe ao publico de vir construir e desconstruir uma obra colaborativa. Cada um é livre de vir imprimir sua marca em um bloco de argila e exprimir o que quiser, em colaboração com a artista. Uma comunicação através da matéria que pulsa e interroga a questão sobre a linguagem corporal e a comunicação não verbal da nossa sociedade. “é uma maneira de compartilhar minha experiência de escultora, o prazer de modelar a argila e de receber em troca a experiência, o contato e emoção do publico”

Metamorfose

Neste performance, a escultora - Renata Andrade - apresenta um envolvimento incrivelmente intimo com a material de trabalho e o seu tema recorrente. Não sabemos mais o que é artista, argile ou arvore. Tudo acontece de forma orgânica e com fluência. Onde existiam três elementos se torna um totalmente unificado.

Seiva

Realização: Núcleo Seiva

Conceito:

Partindo das séries "Mulher  Árvore" o tema se desdobrou, e em conjunto com o fotografo Andrex Almeida, surge uma nova plasticidade e um novo tema,“Seiva”: que nas plantas é o equivalente ao sangue dos animais, é o líquido que circula por toda o vegetal para alimentar as suas células.  Com esse conceito e com a produção em conjunto com outros artistas se cria a performance e um novo núcleo, "Núcleo Seiva",  onde há constante circulação de artistas, que são alimentados e são alimentos criativos de acordo com as afinidades de idéias e plasticidades.