Performances

Mulher canibal

Influenciada pela pesquisa de doutorado sobre o mito canibal na arte, a artista revisitou o passado colonial e olhou para os imaginários exóticos integrados pela sociedade contemporânea. O mito canibal é associado ao primitivo, ao exótico e ao erótico, e a acusação de canibalismo muito contribuiu para justificar a colonização. Ao associar os estereótipos atuais do Brasil aos zoológicos humanos do século XIX, Renata Andrade demonstra a persistência da dominação colonial. Neste trabalho, a artista brasileira des-exotiza seu próprio corpo, muitas vezes associado à praia, ao samba e à favela, e mostra uma ruptura entre a realidade e o imaginário europeu. A artista veste um painel de madeira pintado, mostrando ironicamente que esta imagem pejorativa é apenas uma fachada. A artista consegue inverter a situação da exotização de seu corpo para os corpos dos espectadores da performance. O fato de escolher um homem com o olhar e comer bananas olhando-o nos olhos, coloca o espectador no lugar de homem objetificado.

Declaração de amor

Em que ponto um motivo de orgulho nacional se torna um objeto de isolamento? O vídeo performance «declaração de amor» questiona a integração em uma dialética simples: você pode viver em um país e não amar um dos elementos que constituem a sua identidade? Este trabalho ecoa o trabalho de Levy-Strauss e de Bettini que questiona a construção da identidade em sua forma xenófoba: como ser «eu» sem rejeitar «o outro»? Em Triste Trópicos, Lévi-Strauss coloca no mesmo plano a antropofagia dos índios do Brasil, que se alimentam do outro para se apropriar de suas qualidades, com a antropoemia das sociedades Ocidentais, que, literalmente, vomitam o outro. Este trabalho evidencia, portanto, a linha tênue entre a abertura para o outro e a construção de si.

Love Bites

O amor pode ser tomado, roubado, trocado ou vendido? Convidada pelo museu Louvre-Lens para responder à exposição «Amour» de 27 de agosto de 2018 a 21 de janeiro de 2019, Renata ficou marcada pela escolha de algumas obras. Seja Cassandra implorando a vingança de Minerva contra Ajax, Júpiter e Ganimedes ou mesmo a Odalisca, o corpo, e em particular o da mulher, apareceu em filigrana como um «pedaço de amor», um bem que se poderia ser apropriado e consumido.
Foi então esse processo para a produção deste trabalho, questionar essa mercantilização do corpo feminino. A performance «Love Bites» que coloca à venda pedaços de amor na forma de pequenas vaginas esculpidas em bombons. O preço ? Um pedaço do outro. Um pedaço da artista em troca de um pedaço do público. Corpo contra corpo.
Essa referência direta à prostituição estimula o espectador a se engajar nessa mercantilização do corpo, a se perceber como um objeto, que pode ser tracado, cortado, fragmentado.Trata-se de forçar o espectador a enfrentar esse tabu em nossas sociedades, essa realidade oculta e ignorada na França. Mas também para ir além dos limites do bom pensamento e da opinião simplista. Porque, sem perceber, o participante dessa performance caminha para o outro lado do espelho. De consumidor, ele se torna vendedor

A Interface

Nesta performance colaborativa, a artista Renata Andrade, que trabalha esculturas em argila, propõe ao publico de vir construir e desconstruir uma obra colaborativa. Cada um é livre de vir imprimir sua marca em um bloco de argila e exprimir o que quiser, em colaboração com a artista. Uma comunicação através da matéria que pulsa e interroga a questão sobre a linguagem corporal e a comunicação não verbal da nossa sociedade. “é uma maneira de compartilhar minha experiência de escultora, o prazer de modelar a argila e de receber em troca a experiência, o contato e emoção do publico”

O feminino, a matéria e o tempo

Nesta criação original, a artista retrata o íntimo universo feminino através do seu conflito mais violento: a ditadura da aparência, a luta contra o tempo, a maquiagem para ser ... Diante de um espelho Renata Andrade, força o tempo a mostrar-se. Ela aprofunda-se em mais uma experimentação com o seu material de origem, o barro, a artista destaca os efeitos do material e do tempo sobre o seu próprio corpo. Suas rachaduras sobre a pele, sua respiração se esgota, seu corpo enfraquece. Ligada a vários universos poéticos, Renata Andrade vai além do corpo humano para voltar às fontes da vida, esta performance colabora para construção do seu discurso. Seu corpo já não é meramente humano, é uma junção de reinos biológicos, meio animal, meio vegetal, é a encarnação viva do tempo. Este trabalho,  exclusivo é parte de uma viagem intelectual e poética já amplamente desenvolvido em criações anteriores onde a artista aborda  o tema do ciclo e da eterna renovação.

Metamorfose

Neste performance, a escultora - Renata Andrade - apresenta um envolvimento incrivelmente intimo com a material de trabalho e o seu tema recorrente. Não sabemos mais o que é artista, argile ou arvore. Tudo acontece de forma orgânica e com fluência. Onde existiam três elementos se torna um totalmente unificado.

Seiva

Realização: Núcleo Seiva

Conceito:

Partindo das séries "Mulher  Árvore" o tema se desdobrou, e em conjunto com o fotografo Andrex Almeida, surge uma nova plasticidade e um novo tema,“Seiva”: que nas plantas é o equivalente ao sangue dos animais, é o líquido que circula por toda o vegetal para alimentar as suas células.  Com esse conceito e com a produção em conjunto com outros artistas se cria a performance e um novo núcleo, "Núcleo Seiva",  onde há constante circulação de artistas, que são alimentados e são alimentos criativos de acordo com as afinidades de idéias e plasticidades.

Alimento Supremo

Realização: Grupo O´Culto 

Atuantes: Renata Andrade e Cleide Vieira

Conceito:

Gaston Bachelard em seu livro A Água e os Sonhos "já imaginou alguns dos devaneios que se formam no lento trabalho da amassadura, no jogo múltiplo das formas que se dá a massa por modelar. Parecera-nos indispensável , colocando-nos do ponto de vista da imaginação material dos elementos , estudar um devaneio mesomorfo, um devaneio intermediário entre a água e a terra. Com efeito pode-se captar uma espécie de cooperação de dois elementos imaginários, cooperação cheia de incidentes, de contrariedades, conforme a água abranda a terra ou a terra confere à água a sua consistência. Para a imaginação material, inteiramente voltada às suas preferências, por mais que se misture os dois elementos, um é sempre o sujeito ativo, o outro sofre a ação". 

 

Entremear

Realização: Grupo O´Culto 

Atuantes: Renata Andrade e Cleide Vieira

Conceito:

Ate onde vai a criação do homem? Ate onde vai o homem criador?

Na necessidade de se tornar eterno o homem cria, constrói e acaba morto pela sua própria criação – O Criador sede o seu nome para criatura que ganha vida e se eterniza,a obra supera o criador.

Apresentada no Congresso Nacional de Técnicas das Artes do Fogo (CONTAF) e em Mairinque